quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Onde gostaria de estar agora?


Incluir não é segregar. Acessibilidade não é separar a pessoa com deficiência dos demais. O cadeirante não precisa de uma mesa apropriada pra ele, e sim, as mesas de uso comum é que devem ser planejadas pra que todos possam usá-las. "Ah, mas nem sempre o design da peça permite." Design é estética somada com funcionalidade. E se você pensa em como algo vai funcionar, deve se esclarecer de que não somos uma sociedade de robôs planejados em fábricas. Não somos todos iguais. Somos diferentes. E não apenas os cadeirantes, mas também os altos, os baixos, gordos, magros, altos e gordos, altos e magros, baixos com pernas compridas, pessoas com nanismo, gente com pernas grossas e cinturas finas e tantas outras quase que infinitas distinções. Então, quando pensa em priorizar o design, está priorizando quem? Quero dialogar sobre isso, na verdade, necessito. Eu não quero me isolar pra me sentir mais confortável. Confortável eu me sinto quando sou parte, não há mesa adequada que me tirará do lugar que eu prefiro estar: ao lado dos outros, opinando como os outros, existindo porque eu quero e não porque o governo me dá assistência pra isso. E eu não falo assim por ser privilegiada de qualquer forma que seja, muito pelo contrário. Enfrentei tantas dificuldades quanto os outros. Enfrentei o preconceito, a não aceitação, as chacotas, a negação, as desculpas, a piedade e os olhares. E justamente por todos esses choques é que não vou jamais permitir que me digam o meu lugar, eu é que decido isso. Decido o meu lugar e todo o resto, decido o que falar, como agir e assim como qualquer outro ser humano, terei que assumir as consequências de tudo mais tarde. Uma boa lição pra todos aprendermos: o que está fora quase nunca reflete o que está dentro, por isso, parem de dizer como os outros devem ser. Eu não me envolvo muito com o movimento das pessoas com deficiência, e isso me é cobrado. Mas eu não quero, porque sinto que minhas ideias entram em confronto com muitas filosofias desse movimento. Mas tudo bem, não há nada de errado nisso, até porque o fato de eu usar uma cadeira de rodas, não me obriga a lutar por essa causa em específico.
Por isso defendo que todos possam escolher, não apenas onde se sentar pra almoçar mas também onde estar durante a vida. Eu estou na Libras, unicamente por amar essa área e tudo que a envolve. É ali que meu coração está, e é onde eu permanecerei. Não é isso o que devemos fazer, estar onde queremos? Noto que assusta as pessoas quando sabemos o que queremos, mas ainda assim continuem querendo. Continuem dizendo "não" pro que não fará bem a vocês. Lutem para não se perderem de vocês mesmos. Vamos tornar mais comum o único e menos atrativo o padrão. 
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário